Kelly Lima / RIO - O Estado de S.Paulo
Com um programa de investimentos de US$ 224 bilhões, a Petrobrás lidera hoje o ranking de contratações de sondas no mundo. Em operação mantém 54 unidades de perfuração - 45 afretadas e nove próprias - e vai receber, ainda em 2011, mais 14 unidades. Para 2012 e 2013 são esperadas mais 14, além das 7 contratadas junto ao Estaleiro Atlântico Sul.
Fabio Motta/AE-2/3/2010
Mudança. Preço alto fez Guilherme Estrella defender contratação de equipamentos chineses
Há, porém, uma grande defasagem para projetos que têm prazo de exploração terminando em 2014 e ainda não possuem garantia de equipamentos. De acordo com as regras de concessão, áreas que não tenham plano de exploração cumprido dentro do prazo têm de ser devolvidas pelo concessionário à Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Segundo uma fonte da estatal, há ainda total indefinição sobre como a companhia vai contratar as novas sondas de que precisa para explorar o pré-sal. Pelo menos uma nova licitação deverá ser lançada no mercado internacional para contratar três unidades, já disponíveis, para operar em 2011 e outras três para 2012.
Atraso. O impasse, que coloca em lados opostos o setor de exploração e produção e a engenharia, só deve ser resolvido quando o presidente José Sérgio Gabrielli voltar da China, onde integra a comitiva da presidente Dilma Rousseff. Há no setor expectativa de que essa situação se arraste por alguns meses, atrasando o processo de contratação para o segundo semestre.
Ontem à noite, a Petrobrás confirmou o cancelamento da licitação, mas não quis se manifestar sobre o assunto. A Agência Estado apurou que em fevereiro uma equipe da área de Exploração e Produção visitou estaleiros chineses e coreanos para levantar o valor de produção.
Em fevereiro, a Petrobrás havia cancelado outra licitação para afretamento de sondas de perfuração em 1,5 mil metros, também alegando preço excessivo. A Songa e a Petroserv haviam apresentando as propostas mais baixas, entre US$ 450 mil a US$ 460 mil por dia, mesmo valor que a Petrobrás vai pagar para a Sete Brasil pelas sondas de 3 mil metros. As sondas teriam de estar disponíveis no fim de 2011.
Essa não é a primeira vez que os setores de E&P e a Engenharia se enfrentam por defenderem linhas diferentes de contratação. A construção da plataforma P-62, por exemplo, prevista para entrar em operação em 2008 no campo gigante de Roncador, na Bacia de Campos, sofreu atraso de dois anos. O impasse na decisão sobre a forma de contratação chegou a mobilizar o sindicato dos metalúrgicos do Rio e de Niterói contra a estatal.
Inicialmente, a equipe de Engenharia da Petrobrás havia proposto que a unidade fosse um "clone" da P-54, construída no estaleiro Jurong, em Cingapura, e integrada aos módulos no estaleiro Mauá, de Niterói. Por se tratar de projeto idêntico, dispensaria licitação e aceleraria do processo. Além disso, dizia o sindicato, a manutenção da obra no Estaleiro Mauá evitaria a demissão de 2 mil trabalhadores.
Por controvérsias na empresa, já que a área de E&P recusou a ideia de contratar o clone, o projeto foi refeito várias vezes até que a estatal optou por licitar a unidade em módulos. As licitações correram em conjunto com as da plataforma P-58. O estaleiro Jurong acabou levando a conversão do casco e o preço ficou no mesmo patamar que seria se a unidade tivesse sido contratada como clone, dois anos antes.